sábado, 13 de março de 2010

Carta Cora Coralina

Cubatão, 14 de março de 2010



Caros amigos escritores,


Pensava eu após um pouco de bar, pessoas, cigarros e palavras...
Cora Coralina, íntima de Drummond e Jorge Amado... Que inveja se postou no meu sorriso, ela, amiga dos reis, cartas e mais cartas à mão, sim, escritas a mão, com letras particulares de cada um, conversavam por meio delas... Nem se sonhava nesse método tão rápido e eficaz chamado Internet, eram correios e mais correios até se chegar naquela casa.
Que tédio saber que não nasci na época da máquina de escrever, que tudo não é mais tão caprichoso e demorado assim, ai que invejinha “branca” senti de Coralina, a vida contada com mais glamour, sob uns versos e caneta de palavras tortas sobre o papel listrado, muitas vezes encardido com aquele café que escorregava pela barba afiada de um pensamento.
Então disse a mim mesma: Vou escrever, sim, vou escrever cartas, quem sabe um dia não estarei em uma exposição também, por meio de quadros, cartas de amigos que aprecio em meu coração, quem sabe um dia não estarei atrás de aparelhos envidraçados que contam minha história e de meus queridos escritores que estiveram comigo nesta ligação? Tudo intocável, objetos de valor, papéis de cartas entre amigos que sentem, fazem e amam a Arte como ela é, tal como a vida deve querer. Só que desta vez vou ter que dispensar o papel e a caneta, terei que fazer como nos moldes do “meu” tempo: Internet e E-mail. Jeitos rápidos de saber o que quero dizer. Apenas quero um dia ver esta carta numa moldura envidraçada, onde eu terei a certeza do jeito imortal dela de ser, só que sem borrões, tintas claras ou palavras amassadas. Que pena a minha!
Ai que inveja sua Coralina, mas um dia é você, que sentirá inveja minha.


Ana Nery Machado

sexta-feira, 12 de março de 2010

Paladar

Hummm gostinho de café!
Boca leve...
Hummm eu adocei você!
Sentido breve...
Vi teu cheiro passar por aí... Quero mais do que não tive aqui...
Você chegou... Perdi as xícaras nos copos.
Como Shakespeare... Apaixonado!
Um café adoçado!

Ana Nery Machado
12/03/2010

quinta-feira, 11 de março de 2010

Avatar

Sinto resistência a tudo que já amei
Ao modo, ao cheiro, ao toque...
De vez.
Eu desejei ter um Avatar,
Um mundo onde eu possa fugir talvez,
Um mundo onde alcance o meu próprio eu,
Onde eu seria o herói da história,
Onde tudo conseguisse ser como meus olhos conseguissem ver.
Este lugar seria só meu... Meu, e de mais ninguém! Não confio neste aqui, onde existem pessoas que entrelaça o que o outro fala.
Preciso de um mundo azul não só na cor, mas também no coração.
Desejei ter um Avatar, um só pra mim...
Onde pudesse deixar nesta vida meus medos, meus amores...
Ah, um céu azul... Azul da cor do mar!
Eu me emociono com as coisas fáceis,
Eu colo as coisas frágeis.
Nasci fundo, depressivo e sentimental.
Ah, a esperança, a menina esperança que canta e encanta sem graça no palco.
Um pierrô apaixonado!


Ana Nery Machado
11/03/2010

quarta-feira, 10 de março de 2010

Ego

Meu Ego
Com seu Ego
Desce o Ego
Na medida em que teu Ego
Ama o meu.
Porque é sempre meu Ego
Junto com o seu Ego
Que contam histórias de um Ego
Que não mudam o meu.

E assim,
dentro do Ego não precisa ser mais Eu.


Ana Nery Machado
10/03/2010

E você, o que acha?

Acho que neste momento eu preciso escrever mais e amar menos. Aná Nery Machado 14/06/2020