sexta-feira, 25 de julho de 2014

Ela é assim

Ela “desenha” a sobrancelha, põe brilhos, paetês, batom vermelho e grifes afins.
Piri é assim.
Fotos em frente ao espelho? Não podem faltar.
A pessoa mais generosa, linda e feliz.
Piri é assim.
Deus sempre está a favor dela e contra os demais, nas redes sociais.
Verdadeira e tranquila, depressão e stress não há.
Piri é assim.
Aí ela morre. Diagnóstico: tristeza. E agora só pode observar o que restou dos seus afins.
Só espero que Deus esteja realmente a favor dela, porque vai precisar, enfim.
Piri foi assim.


07/2014

quinta-feira, 1 de maio de 2014

Resolvi comprar um Sanduíche

Resolvi comprar um sanduíche, mas não sabia onde. Saí pela cidade atrás de um lugar bom e barato, então, fui andando pela orla da praia, lia as placas e nada me agradava... Até que avistei um lugar chamado Marrocos. E entrei.
Entregaram-me o cardápio, mas não precisei pensar muito para pedir um X – tudo “para levar, por favor”. Enquanto aguardava a encomenda, observava as pessoas sentadas, o lugar estava cheio, pessoas com mais idade, garotas seminuas, mostrando-se para os rapazes, tudo como sempre é, como sempre foi.
Foi quando pensei nos meus pais que havia visitado a pouco, as linhas de expressão, rugas, olhos caídos, a mancha da pele, como o tempo havia passado e eu não percebi. Deu-me um assalto súbito de dor, sem dor. Saudades que não se pode contar em números, de um tempo que... Enfim, nunca mais será.
O sanduíche chegou, paguei e saí do Marrocos em direção à minha casa. Fui contando passos largos, quando me parou a mão de um homem sentado na calçada a pedir algo como esmola ou afins. Passei reto, continuando a passos largos, mas a minha consciência começava a diminuir o meu ritmo, pensava em quanto o meu bom senso não permitia ajudar alguém nessas situações. Mas precisava pensar em mim, pois hoje só tinha pro sanduíche, não me sobrara mais nada. E o que eu faria então? Voltaria e entregaria meu lanche pra ele. E eu comeria o quê depois? Senti que ter bom senso é uma merda, pois se comparássemos nós dois, estávamos quase na mesma situação, a diferença é que eu tinha o poder de escolher qual a boca que iria encher.
Minha mente fez com que, paulatinamente, voltasse ao encontro daquele rapaz, quando percebi estava à frente dele sem saber o que dizer. Ele olhava pra mim surpreso, com os olhos esbugalhados, e eu olhava para ele, sem expressar um músculo facial, sem falar um fonema. Observei o seu rosto sujo de poeira, seu cabelo impermeável, suas mãos e pés descalços, ferrados pelo tempo.
Pensei nos meus pais, emendei a ruga paterna com a poeira da rua, ilustrei um filme só meu no subconsciente imutável do passado. “Todos vão embora, um dia”. Ainda estava na frente do rapaz empoeirado quando peguei o celular e liguei. Meu pai atendeu com aquele alô de costume, eu disse que estava mandando eles nunca morrerem. Ele sorriu e disse que a ordem estava protocolada para averbação. Eu respondi um “tá bom” e desliguei o telefone.
O rapaz sorria com sua boca de caverna, eu sorri de volta. Quando guardava o celular, como num assalto, o empoeirado pegou meu sanduíche e saiu a correr orla abaixo.
Fui pra casa com a fome chamando... E tentando entender porque ele não roubou meu celular.

Ana Nery Machado
05/2014



Os espelhos de Narciso

Fabricio era pobre, “tadinho dele”, era o que diziam ao ver aquele menino vindo com os sapatos melados de lama, descendo daquele ônibus que o trazia daquele bairro distante, que só.
Na escola, era sempre o protegido dos professores quando discutia com Maurinho, o menino petulante do bairro nobre que a mamãe vinha levar e trazer de carro todos os dias.
A vida estava na sua direção certa, até que, a professora Olga, movida por um sentimento de resolução, quis visitar esses dois meninos e suas famílias, para tentar resolver essas brigas de adolescentes sem sentido algum.
E lá foi a professora Olga para a casa do Fabricio. O bairro era distante, mesmo. E chegando lá, tal foi seu espanto quando olhou à frente da casa com o jardim bem cuidado, margaridas bem cuidadas nas janelas, piscina limpíssima, aguardando os dias mais quentes do ano.
Pensou que estava no lugar errado, porém o aceno de Fabricio não deixou dúvidas de que era lá que ele morava. Entrou na casa e... ar-condicionado em todas os cômodos da casa, que continha uma mobília copiada de novela.
E lá, sentada na poltrona mais confortável que sentara, a professora Olga ouviu da mãe de Fabricio de onde vinham suas rendas: Ah sim, de duas pensões que eu tenho, sabe, né professora, tem também alguma ajuda a mais do governo e eu não pago imposto, água, luz, condomínio, isso diminui bastante minhas despesas, consegui reformar a casa e ainda comprar esse carrinho aí que está na garagem.
Dona Olga sabia que o veículo valia mais que um comum do preço popular, porém fez não saber de nada e logo deu um jeito de ir embora, pois seus pensamentos egoístas a deixavam estupefata com sua realidade de andar de carro popular, sem ar e direção hidráulica e ainda ter a vida de trabalhar pra pagar conta, resumindo, toda aquela lista que a mãe de Fabricio relatara e que ela já sabia decorada.
Naquele dia, encerrara seu expediente, deixaria para visitar Maurinho outro dia... Confusão de ideais de vida afrontavam sua essência.

Ana Nery Machado
04/2014




quinta-feira, 17 de abril de 2014

CÉUS

As pessoas falam muito de espíritos de luz que estão nascendo para ajudar o equilíbrio da evolução da alma humana. Pois bem, encontro-me preocupada demais, pois só observo crianças e adolescentes egoístas, ignorantes, desrespeitosos com os pais, professores, com quem quer que seja... Eles acham que o NÃO não existe e que o mundo sempre vai fazer exatamente o que eles querem. Tenho receio pelo futuro desses seres que deveriam ser humanos. Tenho receio pelos professores que não conseguem mais dar conta da incompetência social. E se os espíritos de luz estão por aqui mesmo, é melhor Deus mandar mais uma galera imensa pra tentar nos ajudar, pois o clima está tenso e a alma está perdendo o coração. Céus, precisamos de ajuda!
Ana Nery Machado

04/2014

sábado, 5 de abril de 2014

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Nós

"Eu falo muito, mais que a boca até, mas observo muito também, e ultimamente tenho pegado como fonte o pré-julgamento das pessoas. Paremos para nos observar (eu e você)... vai dizer que você nunca "julgou" ninguém por uma roupa, uma atitude, até por uma frase ou conversa que o outro teve a "infelicidade" de compartilhar? Sabe, é um tal de vizinho olhando o que você faz. É no trabalho querendo pegar uma palavra errada para acabar com reputações. É andando na rua fitando o que você veste, come e com quem fala. Aí espera você sair pra comentar com alguém coisas a seu respeito, e raros são os momentos que falam bem, pois está na nossa natureza sermos nada meigos com o próximo. Falamos tanto dos outros, tendo a maldade dentro de nós... mas isso são coisas de outro capítulo, até porque ficaríamos muito tristes de saber que nós (eu e você) somos maus, também. Imagina, né. Então, mudemos de assunto...
Aí você acha injusto, você pensa no seu passado, eles não sabem das dificuldades do passado, a fome e a solidão da infância, o trabalho a partir dos 9 anos de idade... eles não estavam lá quando você andava mal vestida para pagar a faculdade, quando você passava 5 horas por dia dentro de um ônibus, isso quando ele não resolvia atrasar 1 hora a mais... é, eles não estavam lá nos finais de semana e feriados quando você estudava... eles nunca estavam, mas mesmo assim se acham no direito de falar, palar, speakAR... mas não liga, eles não sabem tudo sobre você. Eles não sabem tudo sobre mim." 


Ana Nery Machado    
06/02/2014

E você, o que acha?

Acho que neste momento eu preciso escrever mais e amar menos. Aná Nery Machado 14/06/2020