Era um dia comum e Zezinho foi à
padaria comprar média para tomar café no outro dia de manhã, pois acordava
muito cedo para trabalhar. Como de costume, pegou uma senha na entrada, número 86,
gravou bem...
No dia seguinte, Zezinho foi à
padaria novamente como em todos os dias e pegou uma senha na entrada, o espanto
foi ter pegado o número 86 como no dia anterior. Recordou-se da sua mãe dizendo:
“Vou jogar na mega, coincidências não existem, isto é um sinal!” Ouviu isso a
vida toda, a verdade é que cada vez que sua mãe sonhava ou via em algum lugar coincidências
numéricas, logo ia jogando na mega e nunca ganhou. Por isso, Zezinho nunca
acreditou na sorte, “mas quem sabe não seria diferente?” Pensou.
Contou as moedas, ou era o pão ou
o jogo, pois o dinheiro não dava pros dois, devolveu a senha e saiu rapidamente
da padaria, o sorteio seria naquela noite, não poderia deixar passar. Foi até a
lotérica da esquina e já que não tinha 86 na tabela, começou a fazer combinações,
subtrações e somas com os dois números.
Fechou a tabela e pagou o jogo. Agora era ir pra casa e torcer...
Zezinho comia as unhas já que o
pão de cada dia estava num pedaço de papel numérico, olhava para os números
intercalando com o porta-retrato em que estava sua mãe.
Começou o sorteio, fez-se um
silêncio na alma de Zezinho quando percebeu que acertara nenhum número, lembrou
que no dia seguinte não tinha pão para tomar o café e o estômago parecia gritar
um ditado que sua mãe sempre dizia: “Ganhei o mesmo que Luzia atrás da horta.” O
que foi que Luzia ganhou? Nem Zezinho sabia, mas tinha a impressão de ter
ganhado o mesmo.
Ana Nery Machado
28/05/2015