terça-feira, 30 de novembro de 2010

Imaginação

Enquanto o palhaço chora como lágrimas desenhadas no coração do poeta,
O poeta sofre como o sorriso largo do palhaço, que exibe suas linhas doloridas num rosto branco, vermelho e azul.
O artista é assim.
Imaginação
e
Aplausos.

30/11/2010
Ana Nery Machado

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Um sonho de poeta

Enquanto ela preparava-se para dormir, ele pensava no camarim; Um rosto branco no espelho iluminado.
A moça olhava o relógio, “estava na hora”, restava apenas 10 minutos para ele entrar e os embrulhos do estômago, a vontade de morrer, tudo estava lá.
Ela adormeceu enquanto ele saltitava entre pés descalços, roupas em farrapos e sorrisos de um artista feliz.
O espetáculo acabou e ela acordou com aquele sorriso travesso. Estava tudo bem mais uma vez, a peça havia preenchido o teatro e os olhos do poeta brilhavam sem fim.

30/11/2010
Ana Nery Machado


E se...

E o poeta teve medo.
E se lhe perguntassem o que é o Amor?
Ele responderia: O Amor dói.
E se lhe perguntassem por que dói?
Ele responderia: Porque é o Amor.
Então, ele pediria desculpas...
E cairia no palco como um Artista sem cor.
Só restaria a luz.
Apagou.

29/11/2010
Ana Nery Machado


sábado, 13 de novembro de 2010

Todos e Todas


De todos os desejos humanos, eu prefiro a liberdade.
De todos os sonhos impossíveis, eu espero o amor.
De todos os pecados conhecidos, eu fico com a preguiça.
De todas as ruínas da alma, eu observo a saudade.
De todas as relações sabidas pelo homem, eu quero a vida.
De todas as armas do mundo, acho eficaz a palavra,
Ela é a primeira a aparecer e sempre a última a deixar rastros.

Ana Nery Machado
13/11/2010

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Motivo

Pra sonhar
Pra amar
Pra viver
Pra correr
Pra dormir
Pra sorrir
Pra compor
Por Amor
Pra semântica
Da Vida
Continuar...

Viajar...
Meu amor.

Por Viagens.
Ana Nery Machado
10/11/2010


quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Bolinhos de Chuva

Outro dia a Rose trouxe Bolinhos de Chuva pro escritório. Era sexta-feira e águas correntes rolavam à janela, um perfeito jardim. Peguei um e provei prontamente, mordi com tanta vontade que fechei os olhos e acordei na casa da Dona Helena...
Minha vizinha mineira, que adorava fazer Bolinhos de Chuva, era só aparecer uma garoa ao longe e logo ela ia cozinhar. E a criançada adorava, Dona Helena tinha 5 filhos, e eu, filha única, morava com minha avó na casinha amarela ao lado. Observava pela janela ela prendendo seus cabelos compridos para fritar seus bolinhos e aquele cheiro... Ah, aquele cheiro me fazia flutuar.
Gostava daquela cena familiar, participava de todo o processo na minha pequena janela enfeitada, mas não demorava muito, e Edilene, a filha mais velha da Dona Helena, gritava da porta para eu entrar. Eu pegava meu chinelo surrado e saía atravessando para casa ao lado. Dona Helena me esperava com vários Bolinhos de Chuva para comer e beliscar.
E a garoa sempre estava ali, enfeitando a paisagem da minha infância feliz.

Por minha infância: Minha Avó, Dona Helena e seus filhos.
Ana Nery Machado
04/11/2010

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

DOM

E ele queria aprender a ser Escritor, seu grande sonho, seu grande amor. Foi assim que pensou e montou sua estratégia. Iria matricular-se em cursos de Oratória, Jornalismo e Letras. Depois, procuraria alquimistas, cartomantes e videntes em geral para saber se obteria sucesso e por fim traçaria suas metas em relação ao tempo presente e futuro. Daria tudo certo.
E assim o fêz, cumpriu com suas estratégias e metas propostas. Chegou onde queria, tornou-se um grande Escritor, ganhou prêmios renomados, enfim, chegou onde sempre quis chegar.
Porém, ainda lhe restava uma última coisa a fazer, conhecer o Escritor que o inspirou a querer ser tudo que ele almejou. Depois de algumas ligações usando a influência que tinha, conseguiu marcar um encontro com seu grande Inspirador.
Na hora marcada, encontrava-se frente a frente com sua fonte de conhecimento pela escrita, nem se sentou e já começou a falar ao seu Escritor Inspirador como traçou o seu destino para chegar até ali. “Estudei, fiz cursos, consultei pessoas esotéricas para que nada desse errado no meu objetivo futuro.” O Inspirador soltou um sorriso largo, e, em seguida, libertou suas palavras: “Meu querido, a gente não aprende a ser Escritor, a gente nasce sabendo ser Escritor, é só assim”.
E ele apertou o peito, fechou os olhos e disse: “Então quer dizer que sempre esteve aqui, dentro de mim?!”.

Ana Nery Machado
01/11/2010

E você, o que acha?

Acho que neste momento eu preciso escrever mais e amar menos. Aná Nery Machado 14/06/2020