E foi um instante lindo quando se encontraram e o mar casou-se com a areia. É entre o Forte de Copacabana e a Rua Francisco Otaviano com a Av. Vieira Souto. Ali, na pedra que invade o mar separando a praia, tudo aconteceu. As amigas Ipanema, Leblon, Copacabana, testemunhas de uma história carioca por excelência, Jobim deu o Tom e Vinicius a Letra.
Eduardo foi ao seu encontro de todos os dias com o arpoador, mas naquele dia seus olhos acabaram tendo outras atenções... Foi nos cabelos avermelhados que competem com o crepúsculo, foi na boca tão úmida quanto a areia que é molhada pela onda, foi com o azul daqueles olhos que se misturam, se confundem e apenas se igualam com a cor do céu e do mar.
Mônica chorava... Seus olhos pareciam duas marés cheias, profundas, transbordavam e fermentavam a pedra namorada de tantas paisagens, mas suas grandes lágrimas não evitaram que seus olhos mirassem o casamento perfeito de um corpo arenoso, moreno, um conjunto de castanhos que se misturam, se confundem e se igualam ao solo próximo do mar.
Foi instantâneo, frente a frente o encontro, corpo a corpo, nus como a pedra, sedentos como movimentos do mar, pele a pele, assim como sob a areia e o mar, o amor se pegou com os corpos, também sob os corpos a areia e o mar fizeram amor e se tornaram paisagem.
Mônica e Eduardo, corpo em corpo deixam o mar colorido de vergonha, de amor talvez. Uma fotografia, a lua, os corpos, a pedra e a união das águas que se encarregam de contar a história.
Mas o fim aproxima-se, a maré abaixa, o mar começa dar adeus a sua areia, uma lembrança para sentir saudade. A lua se despede, o sol chega com o dia, os corpos se separam, olhos cor de areia olham para o mar, olhos cor do mar olham para a areia, e tudo acaba num repente, mas sem fim, porque o encontro acontecerá outra vez, para sempre, sempre que a paisagem se casar novamente.
Ana Nery Machado.
Santos, 30 de abril de 2007.
Um Canto no Mundo que reflete sobre Língua, Literatura e Pensamento. Não necessariamente nesta ordem e organização, mas tudo bem. Divirta-se! Esta é uma página de Aná Nery Machado.
sexta-feira, 6 de julho de 2007
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