Eu não sou um coitadinho, eu sou o que te formou ontem e o que te
formará amanhã.
Eu sou o mal necessário pra você, classe abastada; e o caminho da
libertação para os humildes, embora passe longe da vocação de Jesus Cristo.
Eu sou o que te chamou atenção porque bateu no colega ou porque
esqueceu o caderno e não fez a lição.
Você perguntava: Pra quê estou aprendendo isso? E eu respondia: Para a
vida!
Eu te dei limites para que soubesse viver em sociedade, para que
aprendesse a dividir com seu irmão ou não zombasse do coleguinha.
Eu sou o que te chamou atenção por estar gritando na sala, só pra
chamar a atenção da menina por quem estava apaixonado.
Eu sou aquele que te deu conselhos sobre assuntos íntimos quando você
não tinha coragem de conversar com seus pais.
Ana Lúcia, Eliane, Regina, João Tadeu, Pinheiro, Abmael, Laís; sou
todos eles e muito mais.
E embora não tenha percebido, você é uma porção de todos eles também.
Sou a tia do parquinho, sou o professor de matemática que não ria
nunca para manter o respeito da sala, sou o professor de português que amava
literatura, sou o professor de filosofia que falava sobre a maiêutica maluca,
sou o conjunto de vozes que se torna você no amanhã.
Sou a professora pra quem você levava a maça toda murcha e enrolada na
mochila da escola para demonstrar o seu carinho e gratidão, mesmo sem expressar
uma palavra.
Sou o professor pra quem você se arrependeu de não ter levado uma
maça; aquele que te respondia: Para a vida!
Mas por quê? Mas pra quê? Depois dessa época, você me esqueceu, finge
que não me vê todos os dias, zomba da minha dignidade e desrespeita o meu
ofício.
Se eu fosse a professora pra quem você levava a maça, você me bateria,
policial, político, empresário, gestor, pai de aluno, aluno?
Você me bateria, Sociedade?
PS: Por um dia em que a sociedade respeite a profissão que ensina a profissão: o Professor.
Um comentário:
Ótimo Ana, Adorei
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